"O assunto que abordo neste filme é, na minha opinião,
o mais crucial: a ausência de espaço para a existência espiritual em nossa cultura. Nós
ampliamos a meta das nossas realizações materiais e conduzimos experiências
materialistas sem levar em conta a ameaça que é privar o homem de sua dimensão
espiritual. O homem está sofrendo, mas não sabe porque. Ele sente uma
ausência de harmonia e procura a sua causa."
"O artista nunca trabalha em condições ideais, pelo
contrário, o artista existe porque o mundo não é perfeito. A arte seria desnecessária se o
mundo fosse perfeito, assim como o homem não procuraria por harmonia, apenas
viveria nela."
"A questão da vanguarda é peculiar ao século XX, à
época em que a arte vem progressivamente perdendo a sua espiritualidade. A
situação é ainda pior nas artes visuais, que hoje estão quase inteiramente
privadas de espiritualidade. A opinião corrente é a de que esta situação reflecte
a “desespiritualização” da sociedade moderna, um diagnóstico com o qual, a
nível de simples constatação da tragédia, concordo plenamente: trata-se mesmo
de um reflexo da actual situação. A arte, porém, não deve apenas reflectir,
mas também transcender; seu papel é fazer com que a visão espiritual influencie
a realidade, como fez Dostoiesvski, o primeiro a expressar de forma inspirada o
mal da época."
"Se tentarmos agradar o público, aceitando
acriticamente suas preferências, isso significará apenas que não temos respeito
algum por ele, que só queremos o seu dinheiro. Em vez de educarmos o espectador
através de obras de arte inspiradoras, estaremos apenas ensinando o artista a
garantir seu lucro. De sua parte, o público – satisfeito com aquilo que
lhe dá prazer – continuará firme na convicção de estar certo, uma convicção no
mais das vezes sem fundamento. Deixar de desenvolver a capacidade crítica do
público equivale a tratá-los com total indiferença."