“Nossa poética será fatalmente uma poética da
violência. Vivemos num imenso país de sofrimento e opressão. Nossa arte precisa
ser antes de tudo uma arma de libertação.”
“O teatro muitas vezes parece uma expressão em
crise. Em certas épocas, quase perde o sentido;em outras, é perseguido; ora se
refugia em pequenas salas escuras, ora sai para as ruas... Diversão e
conhecimento, prazer e denúncia, emoção __ como definir o teatro, qual o seu
significado social, suas perspectivas e tendências? E o que é fazer teatro”.
(...) A história do teatro é também a história
das diferentes concepções do trabalho do
ator. O trabalho do ator pressupõe treinamento constante e aperfeiçoamento
técnico, além da inteligência e sensibilidade atentas à observação da vida
social, ao entendimento das relações de
produção e suas consequências no
cotidiano social dos homens. Um vigoroso treinamento físico, pois seu corpo é
seu instrumento de trabalho. É um estudo constante, alimentado pela inquietação
e desconfiança em relação ao que lhe é apresentado como conhecido ou
definitivo. Pois a matéria prima de seu trabalho são os homens e a sociedade.
O que é teatro.
Fernando Peixoto
“Quando encenei Don Juan de Molière
resolvi, num ímpeto, romper com tudo: retirar, inclusive, as poltronas do
teatro, abolir a separação entre platéia e espetáculo, em termos de espaço
pré-determinado. As cenas assim representadas onde houvesse espaço. O público
se afastaria, e isto aconteceu, para permitir este espaço, se fosse necessário.
Depois redescobri o potencial criativo do palco italiano. Na verdade, cada
espetáculo deveria ter um espaço específico para si mesmo, que atenda às suas
necessidades intrínsecas, sem qualquer tipo de imposição. O espaço teatral ideal, hoje, é o
espaço vazio, com condições técnicas para se transformar, em pouco tempo, e com
poucos recursos, em qualquer tipo de dispositivo cênico proposto pela livre
concepção do espetáculo. O encenador, que hoje, censurado,trabalha
inseguro e humilhado, em certo sentido, já começa condicionado pelos limites do
espaço que dispõe ao ser alugada uma determinada sala. Mas esta liberdade não
poderá ser confundida com a idéia de buscar uma linguagem isenta da
contribuição do passado. A vanguarda pela vanguarda nada significa. Os saltos
qualitativos surgem dos quantitativos. Um extraordinário pensador deste século
já declarou: é preciso construir com os tijolos que existem, com os que nos
deixaram. E Lênin se referia a construir uma sociedade nova!”
Fernando Peixoto
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