sexta-feira, 12 de junho de 2015

NA ARTE E NA VIDA: Fernando Peixoto



“Nossa poética será fatalmente uma poética da violência. Vivemos num imenso país de sofrimento e opressão. Nossa arte precisa ser antes de tudo uma arma de libertação.”

“O teatro muitas vezes parece uma expressão em crise. Em certas épocas, quase perde o sentido;em outras, é perseguido; ora se refugia em pequenas salas escuras, ora sai para as ruas... Diversão e conhecimento, prazer e denúncia, emoção __ como definir o teatro, qual o seu significado social, suas perspectivas e tendências? E o que é fazer teatro”.

(...) A história do teatro é também a história das diferentes concepções  do trabalho do ator. O trabalho do ator pressupõe treinamento constante e aperfeiçoamento técnico, além da inteligência e sensibilidade atentas à observação da vida social, ao entendimento das relações  de produção e suas consequências  no cotidiano social dos homens. Um vigoroso treinamento físico, pois seu corpo é seu instrumento de trabalho. É um estudo constante, alimentado pela inquietação e desconfiança em relação ao que lhe é apresentado como conhecido ou definitivo. Pois a matéria prima de seu trabalho são os homens e a sociedade.
O que é teatro.
Fernando Peixoto


“Quando encenei Don Juan de Molière resolvi, num ímpeto, romper com tudo: retirar, inclusive, as poltronas do teatro, abolir a separação entre platéia e espetáculo, em termos de espaço pré-determinado. As cenas assim representadas onde houvesse espaço. O público se afastaria, e isto aconteceu, para permitir este espaço, se fosse necessário. Depois redescobri o potencial criativo do palco italiano. Na verdade, cada espetáculo deveria ter um espaço específico para si mesmo, que atenda às suas necessidades intrínsecas, sem qualquer tipo de imposição. O espaço teatral ideal, hoje, é o espaço vazio, com condições técnicas para se transformar, em pouco tempo, e com poucos recursos, em qualquer tipo de dispositivo cênico proposto pela livre concepção do espetáculo. O encenador, que hoje, censurado,trabalha inseguro e humilhado, em certo sentido, já começa condicionado pelos limites do espaço que dispõe ao ser alugada uma determinada sala. Mas esta liberdade não poderá ser confundida com a idéia de buscar uma linguagem isenta da contribuição do passado. A vanguarda pela vanguarda nada significa. Os saltos qualitativos surgem dos quantitativos. Um extraordinário pensador deste século já declarou: é preciso construir com os tijolos que existem, com os que nos deixaram. E Lênin se referia a construir uma sociedade nova!”
Fernando Peixoto












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